Tudo
tem o seu tempo e tens que dar tempo ao tempo, mesmo quando este não te deixa
ter tempo para ele. Não podes agir como uma criança inocente que cai, levanta e
tenta de imediato arrancar a caspinha da ferida. Embora doa, ela quer tirá-la.
É um ato infantil, ingénuo e inconsciente. Tens que deixar sangrar e sarar
naturalmente. Todas as cicatrizes profundas deixam marcas, umas na pele, outras
no coração. Há cicatrizes que são como tattos,
umas com memórias, outras com nomes de pessoas, mas no fundo, todas tem um
propósito e refletem algo.
Tu és o reflexo das tuas quedas, das tuas feridas que se transformam
em cicatrizes e que condicionam as tuas direções. O pior é quando tu sabes onde te doí e por inércia tocas nela. Deixa-a quieta! Ela requer ar como a tua alma necessita refrescar para
voltares a aprender a amar, a cuidar, a sonhar, a confiar, a entregar, a sentir e sobretud a viver. As
cicatrizes são memórias recalcadas em ti, espelham o que aprendeste, o que vivenciaste mas jamais te poderão limitar. Por isso, cabe-te a ti protegeres as ditas para não reabrirem ou
então não fazeres uma outra sob a anterior. Cada ferida tem o seu tempo de
cicatrização, não magoes o teu coração. Há momentos que tem que imperar a voz
da razão.