quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Cicatrizes

Tudo tem o seu tempo e tens que dar tempo ao tempo, mesmo quando este não te deixa ter tempo para ele. Não podes agir como uma criança inocente que cai, levanta e tenta de imediato arrancar a caspinha da ferida. Embora doa, ela quer tirá-la. É um ato infantil, ingénuo e inconsciente. Tens que deixar sangrar e sarar naturalmente. Todas as cicatrizes profundas deixam marcas, umas na pele, outras no coração. Há cicatrizes que são como tattos, umas com memórias, outras com nomes de pessoas, mas no fundo, todas tem um propósito e refletem algo.
Tu és o reflexo das tuas quedas, das tuas feridas que se transformam em cicatrizes e que condicionam as tuas direções. O pior é quando tu sabes onde te doí e por inércia tocas nela. Deixa-a quieta! Ela requer ar como a tua alma necessita refrescar para voltares a aprender a amar, a cuidar, a sonhar, a confiar, a entregar, a sentir e sobretud a viver. As cicatrizes são memórias recalcadas em ti, espelham o que aprendeste, o que vivenciaste mas jamais te poderão limitar. Por isso, cabe-te a ti protegeres as ditas para não reabrirem ou então não fazeres uma outra sob a anterior. Cada ferida tem o seu tempo de cicatrização, não magoes o teu coração. Há momentos que tem que imperar a voz da razão.